Biografia

Euclides Mance é um dos principais teóricos da economia solidária e da filosofia da libertação na América Latina. Sua elaboração nessas áreas principia na década de 1980 e ao longo dos anos produziu categorias filosóficas e econômicas, como bem-viver e rede de economia solidária, largamente adotadas na práxis econômica, social e política de movimentos de libertação popular na América Latina, introduzidas nos livros A Revolução das Redes (1999), Redes de Colaboração Solidária (2002) e Como Organizar Redes Solidárias (2003).  Professor universitário e intelectual orgânico, Mance atuou como consultor, contratado pela UNESCO e FAO, na formulação e desenvolvimento de ações estruturantes do Programa Fome Zero, detalhadas em Fome Zero e Economia Solidária (2004).   Suas investigações sobre as fendas sistêmicas do capitalismo e a forma de explorá-las, com a organização de Circuitos Econômicos Solidários e o uso blockchains para o intercâmbio local e global de valores em redes colaborativas –  que resultaram na criação da plataforma Solidarius (2006) e no experimento internacional que criou uma Unidade Solidária de Valor Econômico e o Sistema de Intercâmbio Solidarius (SIS) baseado em blockchain (2007) –  podem ser vistas em Constelação Solidarius (2008). É cofundador do Instituto de Filosofia da Libertação, uma das entidades mais importantes da América Latina na pesquisa e difusão da filosofia da libertação e da economia solidária, que Mance presidiu em diferentes gestões; é cofundador e Coordenador Geral da rede Solidarius internacional, que atua no apoio à organização de redes e circuitos de economia solidária em diferentes países da América Latina e Europa. Seus livros recentes incluem Circuiti Economici Solidale (2016) e Filosofia da Libertação (2022), sistematizando o paradigma da libertação. O primeiro volume de sua Economia da Libertação [Livro 1] – Introdução Geral foi publicado em 2023.  Alguns de seus livros e artigos podem ser descarregados em euclidesmance.net. Seu Currículo Vitae pode ser visto em detalhes no site do CNPQ:  Currículo Lattes.

Cronologia

21-09-1963: nasce em Mogi das Cruzes, São Paulo, Brasil;
1981 a 1982:  articulista eventual do jornal Alvorada em sua cidade natal;
1983:  muda-se para Curitiba;
1984: inicia seus estudos em Filosofia da Libertação após assistir a uma conferência de Hugo Assmann sobre o tema;
1987: graduação em  Filosofia (UFPR) e especialização em Antropologia Filosófica  (UFPR).
1988: professor de Filosofia na América Latina no Instituto Vicentino de Filosofia. Principia a trabalhar academicamente com as variadas vertentes de filosofia da libertação. A pesquisa para preparação de aulas ensejou a elaboração de pequenos artigos, publicados no jornal Atualidade, órgão da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
1989 e 1990: professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR) nas disciplinas de Filosofia do Método Científico, Lógica e Filosofia na América Latina para turmas de diversos cursos.
 1989
começa a publicação semestral do boletim informativo Livre-Filosofar e organiza a Secretaria de Integração de Estudos de Filosofia da Libertação – Siefil, com a informatização de um acervo de títulos de filosofia latino-americana e filosofia da libertação, que foi recolhendo ao longo dos anos em sua biblioteca particular, facilitando o acesso a esses textos a pesquisadores do Brasil e do exterior.
1990 e anos seguintes: trabalha como coordenador de projetos de educação popular no Centro de Formação Urbano e Rural Irmã Araújo-Cefuria, em Curitiba. Amplia o seu envolvimento com os movimentos sociais populares, participando da construção da Central de Movimentos Populares, entidade de abrangência nacional que passou a assessorar por vários anos. Neste período elaborou materiais didáticos para cursos de lideranças populares e iniciou sua investigação sobre temas como Cidadania e Reforma Urbana, a articulação dos movimentos sociais em torno de eixos de luta, projetos estratégicos e disputas hegemônicas, bem como, a problematizar algumas categorias clássicas na análise dialética dos processos históricos, tais como práxis e sociedade civil. Neste período inscrevem-se os artigos
Eixos de Luta e a Central de Movimentos Populares e Práxis de Libertação e Subjetividade.
1994 e anos seguintes:  volta a lecionar na UFPR as disciplinas de Introdução à Filosofia e Filosofia na América Latina. Participa da constituição do ALEP – América Latina Estudos e Projetos, núcleo no setor de Ciências Humanas daquela Universidade, dedicado a temas latino-americanos. Dos trabalhos em conjunto que inicia com o professor Jesus Eurico Miranda, docente na UFMS, têm-se a realização de alguns cursos de verão em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, sobre temas ligados à filosofia da libertação, a partir dos quais surgiram projetos de pesquisa coletiva com a constituição de grupos de estudo em alguns estados do Brasil sobre temáticas de filosofia da libertação. Em Curitiba este processo desemboca na fundação do Instituto de Filosofia da Libertação, do qual Mance torna-se o primeiro presidente. Volta-se para o estudo das semióticas do capital e passa a lecionar Filosofia da Linguagem, no Studium São Basílio Magno.  Avança, a seguir, na investigação sobre globalização, totalitarismo e liberdade. Por estes anos publica alguns artigos, tais como Quatro Teses Sobre o Neoliberalismo, Realidade virtual – A Conversibilidade dos Signos em Capital e Poder Político e Globalização e Liberdade.
1997: inicia o curso de mestrado em Educação, na UFPR, inserindo-se na linha de pesquisa educação e trabalho, passa a investigar certos temas de economia contemporânea. Sua pesquisa concentra-se, a partir deste período, nas condições materiais, políticas, informativo-educacionais e éticas, peculiares ao exercício da liberdade democrática.
1999: conclui o mestrado defendendo a dissertação Globalização, Liberdade e Educação – Desafios e contradições das Sociedades Contemporâneas, trabalho em que Mance recupera a pedagogia libertadora de Paulo Freire, reelaborando vários conceitos peculiares àquela concepção a partir da semiótica política.
1999 e anos seguintes:  após ter elaborado sobre as dimensões educativa, política e ética dos exercícios de liberdade, o autor se volta para a reflexão sobre as mediações econômicas de tal exercício. Concentra-se na reflexão sobre as redes de colaboração solidária como possíveis alternativas econômicas para a construção de sociedades pós-capitalistas. Nesta perspectiva inscrevem-se os livros A Revolução das Redes (1999), Redes de Colaboração Solidária (2002), Como Organizar Redes Solidárias (2003). Visando apoiar a organização de redes colaborativas e circuitos de economia solidária, concebeu e desenvolveu algumas ferramentas de Tecnologia da Informação que são mantidas à disposição de organizações e iniciativas solidárias (sob a licença Copysol,  formulada originalmente por Mance em 1999), inicialmente disponibilizadas no site Rede Solidária e logo convertidas na plataforma solidarius.net, que provê entre outras soluções um web-aplicativo para Circuitos Econômicos Solidários. Em 2000 participou da criação da Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária-RBSES e, posteriormente, do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, no qual a RBSES se dissolveu.
2003 e anos seguintes:  colabora no Programa Fome Zero, no primeiro governo do presidente Lula, como consultor contratado pela Unesco (2004) e FAO (2005-2006) em projetos de desenvolvimento local. Desse período de intenso trabalho de diagnósticos sobre a realidade brasileira e de elaboração de políticas públicas, articulando desenvolvimento territorial com estratégias de economia solidária, resulta o livro Fome Zero e Economia Solidária – O Desenvolvimento Sustentável e a Transformação Estrutural do Brasil (2004).
2005 e anos seguintes:  concentra sua pesquisa no desenvolvimento da Economia de Libertação. Nesta fase incluem-se os seus livros Constelação Solidarius (2008) e Circuiti Economici Solidale, (2017) este último originalmente publicado em italiano e sem tradução para o português.
2017 e anos seguintes:  elabora outros dois livros, tratando de temas da situação brasileira: Falácias de Moro (2017), no qual analisa as principais falácias usadas pelo então juiz Sérgio Moro na condenação de Luiz Inácio Lula da Silva à prisão; e  O Golpe – BRICS, Dolar e Petróleo (2018), no qual analisa de maneira aprofundada  o golpe de estado que, em sua primeira fase, depôs Dilma Rousseff da Presidência da República e que, em sua segunda fase, retirou os direitos políticos do ex-presidente Lula, para que não pudesse ser candidato à presidência do país.
2020: cursa o doutoramento em filosofia na UFABC, com sua tese versando sobre a categoria de Libertação em Marx, a ser defendida em 2024.
2022: publica Filosofia da Libertação, sistematizando o paradigma da libertação.
2023: publica o primeiro volume de sua Economia da Libertação [Livro 1] – Introdução Geral. Nele apresenta os fundamentos da economia da libertação e publica pequenos programas cujos algoritmos podem ser processados com Inteligência Artificial Restrita para a projeção e consolidação de Circuitos Econômicos Solidários, cuja integração sistêmica de  seus fluxos constitutivos em redes globais, sob a estratégia proposta,  tende a resultar na superação do próprio capitalismo.  Nos últimos anos Mance atua como facilitador em eventos de economia solidária e como conferencista em eventos civis ou governamentais em diferentes países. Também tem colaborado em cursos on line: um deles sobre Filosofia da Libertação, oferecido pelo IFIL, e outro sobre Circuitos Econômicos Solidários, oferecido por Solidarius Internacional.