Euclides Mance
28/09/2022
Eleitores de Bolsonaro, por favor, reflitam um pouco e respondam, no silêncio de seu coração, a essas oito perguntas.
1. Vocês acreditam que Jesus, como filho de Deus, ensinou a amar e perdoar ou a ofender e agredir o próximo?
2. Vocês acreditam que promover a agressão com palavras e ações contra quem pensa diferente, levando pessoas a xingar, golpear e, até mesmo, a matar o próximo para defender a vitória de Bolsonaro, seria obra de Deus ou do Diabolus?
3. Se a bandeira nacional representa a Pátria, isto é, o país, seu território e a todo o seu povo, que integra indígenas, negros, brancos e demais brasileiros, independentemente de suas opções religiosas e políticas, não seria uma desonra usá-la para dividir a Pátria entre “nós” e “eles”, promovendo o desrespeito político e religioso contra uma parte dos próprios brasileiros que ela representa, simplesmente por pensarem diferente, votarem diferente e viverem de forma diferente?
4. Se a bandeira da Pátria é um símbolo da liberdade de todos os brasileiros, não seria uma desonra usá-la para negar a liberdade de uma parte do povo brasileiro em viver sua vida privada, sua religião e outras preferências próprias, nas esferas da política e da cultura, que não violam as liberdades públicas nem privadas dos demais, como acharem melhor?
5. Quem ama a Família não deveria defender todas as famílias que existem de fato, que unem as pessoas no amor, no compromisso em proteger e respeitar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, o ser amado e os filhos biológicos ou adotados que esse amor verdadeiro acolhe como dons de Deus?
6. Defenderia a Família quem agride, desrespeita e tenta destruir as famílias dos outros, buscando impedir que os familiares dos outros tenham os mesmos direitos que os próprios perante a lei, simplesmente porque eles vivem o amor e o perdão, respeitando a dignidade da pessoa amada em sua diferença, não importando o sexo das pessoas que constituem as famílias?
7. Se o que resulta da “defesa de Deus, da Pátria e da Família”, proclamada por Bolsonaro, são rancores e hostilidades, facadas e tiros disparados para matar pessoas, até dentro da igreja, em nome da defesa de Deus; são agressões e violências contra brasileiros e brasileiras, dividindo o país entre “nós” e “quem é contra nós”, em nome da defesa da Pátria; e a negação de famílias que são formadas por pessoas que vivem o amor e o perdão no respeito mútuo, negando a elas os mesmos direitos legais de proteção à família, em nome da defesa da Família; então, não estariam os seguidores e seguidoras de Bolsonaro a caminhar na direção oposta do Deus que ama e perdoa, da Pátria que une e acolhe, da Família que educa e protege?
8. Considerando tudo isso, se você entende que não há outras opções válidas, não seria mais correto e sensato anular o seu próprio voto do que votar em Bolsonaro?
Por favor, reflita um pouco e responda, no silêncio de seu coração, o que é o melhor a fazer, para proteger a convivência fraterna e democrática em nosso país: se é votar em Bolsonaro ou anular o seu voto.